Transtornos mentais e trabalho: 7 práticas para um ambiente seguro e acolhedor

Se você acessou seu LinkedIn no último mês de setembro, ficou sabendo de um dado nada animador que foi replicado em diferentes postagens: o Brasil é o 4º país com mais trabalhadores tristes de toda a América Latina. 

Segundo um estudo da consultoria Gallup, 1 a cada 4 brasileiros desempenha sua profissão com tristeza ou raiva. Também ocupamos a 7ª posição entre os mais estressados da América Latina, com 46% relatando estresse diário.

Esses dados destacam a urgência de criar ambientes de trabalho seguros e acolhedores, onde a saúde mental dos colaboradores seja tratada como uma prioridade.

Embora muitos fatores possam influenciar o bem-estar emocional, o local de trabalho desempenha um papel essencial na rotina e na vida de cada pessoa. 

Entendemos que a liderança e o RH têm a oportunidade – e a responsabilidade – de promover um espaço que apoie a saúde mental dos colaboradores.

No Sesi+Saúde, discutimos este tema com gestores e líderes empresariais durante duas palestras recentes, realizadas em Caçador e Lages, com o tema “Como construir ambientes de trabalho psicologicamente seguros?”. 

Nos encontros, abordamos como práticas constantes de cuidado mental podem transformar a cultura organizacional e o bem-estar das equipes a curto, médio e longo prazo.

Os transtornos mentais mais comuns dos trabalhadores

Ansiedade, burnout, depressão, somatização, síndrome do pânico e estresse… Essas condições estão cada vez mais presentes no vocabulário do trabalhador brasileiro. 

Porém, é importante reforçar que esses problemas não surgem exclusivamente por causa do trabalho. A saúde mental de uma pessoa é afetada por fatores variados: sociais, familiares e, também, profissionais. 

A questão-chave para líderes e gestores é saber como transformar o local de trabalho em um espaço de apoio, e não de sobrecarga.

Abaixo, destacamos os transtornos mais comuns no ambiente de trabalho e como eles impactam o dia a dia:

• Ansiedade

Sinais como preocupações excessivas e tensão são comuns, muitas vezes desencadeados pela pressão no trabalho.

• Burnout

Esse esgotamento extremo ocorre frequentemente em profissionais que enfrentam sobrecarga contínua e se sentem desconectados da função que exercem.

• Depressão

Não é só tristeza; a depressão traz perda de interesse, falta de energia e outras alterações que afetam diretamente o desempenho e a motivação.

• Somatização

Sintomas físicos como dores e cansaço podem refletir o estresse mental, dificultando ainda mais a produtividade.

• Síndrome do Pânico

Momentos intensos de medo podem surgir de ambientes de alta tensão, exigindo compreensão e acolhimento.

• Estresse ocupacional

Resultado de altas demandas e pressão constante, o estresse ocupacional leva ao desgaste físico e mental, afetando tanto a vida profissional quanto pessoal.

7 dicas para criar um ambiente psicologicamente seguro

Diante desse cenário preocupante, as empresas – e o setor de RH é agente ativo dessa mudança – têm um papel fundamental na promoção da saúde mental de seus colaboradores.

A seguir, sugerimos 7 dicas práticas para apoiar a saúde mental no ambiente corporativo, transformando o espaço de trabalho em um local positivo e seguro.

1. Educação continuada sobre saúde mental

Promover uma cultura de conscientização sobre saúde mental é um dos primeiros passos para a criação de um ambiente seguro. Treinamentos regulares e palestras para gestores e colaboradores ajudam a identificar os sinais de transtornos mentais e criam um ambiente onde o diálogo é incentivado e livre de preconceitos.

2. Comunicação acolhedora e empática

Garantir canais de comunicação transparentes é indispensável. Colaboradores que sentem liberdade para se expressar têm maior probabilidade de buscar ajuda. A liderança deve praticar a escuta ativa, mostrando empatia para as dificuldades de cada pessoa.

3. Flexibilidade e equilíbrio na carga de trabalho

A gestão de tarefas e prazos deve priorizar a saúde e o equilíbrio. Flexibilizar horários e ajustar a carga de trabalho são medidas que evitam o acúmulo de estresse e permitem que colaboradores mantenham uma rotina saudável entre trabalho e vida pessoal.

4. Disponibilize apoio e incentive o acesso a profissionais de saúde mental

Parcerias com clínicas de saúde mental e políticas que incentivem consultas psicológicas e psiquiátricas ajudam a equipe a acessar o apoio de que precisam. Um canal direto de orientação e informações sobre recursos psicológicos disponíveis pode fazer toda a diferença para aqueles que necessitam de ajuda.

5. Pausas e práticas de autocuidado

Incentivar pausas regulares ao longo do dia e promover momentos de descanso auxiliam no bem-estar emocional dos colaboradores. Espaços de relaxamento e atividades de autocuidado, como sessões de meditação, ioga ou atividades físicas, também contribuem para uma mente mais equilibrada.

6. Monitoramento contínuo do clima organizacional

Aplicar pesquisas de clima regularmente permite que a empresa identifique o nível de satisfação e bem-estar dos colaboradores, tomando decisões preventivas e promovendo ajustes que favorecem um ambiente mais saudável.

Construir um ambiente de trabalho psicologicamente seguro é um investimento contínuo e essencial. É através de práticas consistentes de acolhimento e atenção que a empresa não apenas valoriza seus colaboradores, mas também contribui para uma cultura que prioriza o bem-estar. 

Nos encontros de setembro e outubro em Caçador e Lages, buscamos justamente sensibilizar gestores e líderes sobre essa responsabilidade e oferecer ferramentas práticas para transformar a cultura corporativa.

Com um ambiente que valorize a saúde mental, as empresas podem ver colaboradores mais satisfeitos, engajados e produtivos, refletindo diretamente nos resultados e no clima organizacional. Afinal, cuidar das pessoas é cuidar do futuro da empresa.

E você, o que está fazendo para promover a saúde mental na sua empresa? Compartilhe suas experiências!